No ano de 2020, com a emergência da pandemia global da COVID-19, o mundo experimentou uma transformação profunda na maneira como socializamos, ensinamos e aprendemos. A educação a distância, uma vez limitada a cursos técnicos, superiores e pós-graduações, tornou-se uma parte fundamental do ensino regular, preenchendo a lacuna criada pelas restrições às reuniões presenciais.
Esta revolução na educação também impactou intensamente os Centros de Formação de Condutores em todo o país. Tanto instrutores quanto alunos enfrentaram uma adaptação significativa para ensinar e aprender, tanto nas aulas teóricas quanto nas práticas.
A transição foi especialmente marcante nas aulas teóricas. Alguns estados permitiram a modalidade remota e, posteriormente, a híbrida. Isso possibilitou aos alunos assistirem suas aulas ao vivo, de qualquer lugar com acesso à internet, substituindo a necessidade de encontros presenciais.
É crucial entender as diferenças entre as modalidades de educação a distância. Enquanto a modalidade assíncrona, que permite aos alunos assistir a aulas gravadas em horários convenientes, tem sido predominante, a modalidade síncrona se destaca por permitir a interação direta entre instrutores e alunos. Isso é especialmente benéfico para a educação para o trânsito, permitindo que dúvidas sejam esclarecidas em tempo real.
A opção do CONTRAN pela educação síncrona reflete a importância dos Centros de Formação de Condutores na educação para o trânsito no Brasil, indo além da simples formação de condutores. Este papel é vital, considerando que muitos candidatos recebem sua única educação para o trânsito nessas escolas. Embora o Código de Trânsito Brasileiro preveja a educação para o trânsito desde a educação infantil até o ensino superior, diversos obstáculos impedem sua implementação eficaz, como falta de preparo dos docentes e currículo adequado.
Apesar disso, a conscientização sobre a importância do trânsito é limitada, muitas vezes reduzida a datas comemorativas como o “Maio Amarelo” e a “Semana Nacional do Trânsito”. Enquanto o Ministério da Educação considera a educação para o trânsito como um tema transversal, a implementação efetiva muitas vezes não acontece, devido a diversas razões.
Reconhecendo a relevância da educação para o trânsito nos Centros de Formação de Condutores, é urgente avaliar o uso das tecnologias educacionais, tanto no ensino síncrono para a primeira habilitação quanto no ensino assíncrono para reciclagem e cursos especializados.
Na formação inicial, onde aulas teóricas síncronas, presenciais e híbridas são adotadas, os instrutores enfrentam o desafio de manter o interesse dos alunos. A constante atualização e a adoção de novas técnicas de ensino são fundamentais para enfrentar esse desafio, especialmente considerando as distrações presentes em ambientes não controlados.
A renovação das técnicas de ensino exige estudo, leitura e formação continuada, algo que muitas vezes falta nas equipes pedagógicas dos Centros de Formação de Condutores. Em uma época em que uma nova geração de alunos surge diante dos instrutores, elaborar um planejamento robusto e alinhado à modernidade é mais vital do que nunca.
Autora: Priscilla Káthia Binotto – Pedagoga – UNIOESTE, Especialista em Educação Inclusiva – Faculdade Castelo Branco, Especialista em Planejamento e Gestão de Trânsito – UNICESUMAR, MBA em Trânsito – UNIVEL, Instrutora de Trânsito, Coordenadora Pedagógica da Escola Trânsito Fácil e TF Digital.